Fatores de risco cardiovascular e complicações possíveis

Em adultos com doença do coração existe uma complexidade de fatores de risco cirúrgico. O risco de uma cirurgia é diretamente proporcional à condição orgânica do individuo. Aqueles que têm doenças associadas e mal controladas, idade, porte da cirurgia, condição do coração, etc.

Em linhas gerais utilizamos uma expectativa de risco baseado em estudo estrangeiro, europeu (Euroscore) que avalia o risco analisando 18 fatores risco e determinando um percentual de expectativa de mortalidade (explicação abaixo).

Mas o que é risco cirúrgico?

Os riscos são a chance de ocorrer uma morbidade (complicação) ou mortalidade (óbito).

Como posso determinar o risco?

Estes critérios servem para se fazer uma previsão, que geralmente vem em um percentual de 0 a 100%. Mas não serve para definir individualmente, pois como podemos ter 25% uma doença ou 25% de mortalidade?! Ou temos, que é 100% ou não temos, que é 0%, mas num grupo de outros pacientes 25% ou seja ¼  apresentou a tal doença ou óbito. Por isso é complicado expressar os dados em números, eles são estimativas e não prediz o que ocorrerá com cada pessoa.

Quais são complicações possíveis numa cirurgia?

A cirurgia cardiovascular interfere literalmente com o funcionamento de todo o organismo, isto implica a possibilidade de qualquer sistema entrar em falência. Obviamente, tomamos todas as medidas de proteção orgânica.

Vamos didaticamente dividi-las por sistemas orgânicos, vou descrever em linhas  gerais as complicações possíveis de uma cirurgia do coração:

  1. Sistema cardiovascular: Arritmias, bloqueio cardíaco (temporário ou definitivo), baixo débito cardíaco, insuficiência valvar residual, comunicações camerais residuais, disfunção ventricular, vasoplegia, choque, síndrome da resposta inflamatória sistêmica, dificuldade me retirar/desmamar drogas vasoativas, necessidade de balão intraórtico, infarto do miocárdio, etc.
  2. Sistema renal: insuficiência renal aguda, hemoglobinúria, necessidade de diálise no pós-operatório, etc.
  3. Sistema hematológico (sangue): coagulopatia (alteração na capacidade de formar coágulos pelo organismo) anemia, plaquetopenia (queda no número de plaquetas), hemólise, sangramento por coagulopatia, etc.
  4. Sistema respiratório: dificuldade em oxigenação, edema pulmonar, lesão pulmonar mínima, lesão pulmonar importante, necessidade de altas concentrações de oxigênio, necessidade de suporte com ventilação mecânica prolongada, necessidade de traqueostomia, derrame pleural, etc
  5. Infecciosas: broncopneumonia, infecção urinária, infecção de pele, mediastinite (infecção cirúrgica profunda), endocardite, infecção em cateteres, etc.
  6. Sistema nervoso: AVC (acidente vascular cerebral) conhecido como derrame, irritabilidade, convulsão, alteração no sono e apetite, alteração no humor, paraplegia (específico de cirurgia de aorta descendente) etc.